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quinta-feira, 16 de junho de 2011

A Imprensa e o Fado

A existência de uma vasta imprensa dedicada ao Fado constituiu um dos traços mais importantes e reveladores da sua evolução, tanto quanto uma indispensável fonte para o seu estudo.
Em linhas muito gerais, pode dizer-se que existem dois tipos de publicações periódicas relacionadas com o fado: uma muito próxima dos “Folhetos de Cordel”, incluindo exclusivamente poemas. Uma outra com características mais próximas da imprensa informativa, incluiu não apenas poemas, mas também outros materiais de divulgação, promoção, ensino e noticiário geral sobre o meio fadista.
É possível afirmar que em 1910 constituiu uma viragem, uma vez que nesse ano são eleitos 3 jornais:

O Fado: Dirigido pelo poeta e repentista Carlos Harrington;
A Alma do fado: Dirigido pelos fadistas Raul de Oliveira e A.C. de 
Sousa;
O Fadinho: Dirigido por José Carlos Rates;

Na década de 20 surgiram os dois jornais que mais influenciaram o universo fadista:


Guitarra de Portugal: Dirigido por João Linhares Barbosa;

A canção do sul: Dirigido por João Reis e António Cardo.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Maria Severa Onofriana

Nascida em Lisboa, a 26 de Julho de 1820, e tendo falecido a 30 de Novembro de 1846, Maria Severa Onofriana foi uma cantora portuguesa, considerada a fundadora do Fado.
Sobre a vida de Severa pouco se sabe, havendo apenas relatos de que era valente e generosa, amiga dos seus amigos, inimiga dos seus inimigos. Foi ainda considerada invulgar, mas a sua voz era plangente e sonora, tornando-a ícone de primeira fadista, tocando e dançando, no bairro da Mouraria, em Lisboa.
Severa estava inserida no mundo da prostituição, sendo que se crê que os locais onde actuava estavam ligados à mesma, na zona do Bairro Alto e na Mouraria.
Graças à sua relação com o Conde de Vimioso, tornou-se mais popular, permitindo um maior prestígio e número de oportunidades para se exibir para um público pertencente à elite social e intelectual portuguesa.
Existe apenas um retrato de Severa que se julga ser o mais aproximado à realidade, uma cópia de um desenho feito a tinta da China, encontrado no espólio artístico do pintor Francisco Metrass, que no verso se lê “A Severa”.
Acabou por morrer de tuberculose em 1820, mas a sua história deu origem à novela “A Severa” de Julio Dantas que se transformou numa peça de teatro, em 1901, e ainda o primeiro filme sonoro português realizado por Leitão de Barros, em 1931.
Na Mouraria, na Rua do Capelão, está o Largo da Severa, onde a casa da fadista está assinalada com a indicação de “Casa da Severa” e no chão, empedrado de calçada à portuguesa, pode ver-se o desenho de uma guitarra.

sábado, 14 de maio de 2011

O museu do Fado

Inteiramente consagrado ao universo da canção urbana de Lisboa, o Museu do Fado abriu as suas portas ao público a 25 de Setembro de 1998 celebrando o valor excepcional do Fado como símbolo identificador da Cidade de Lisboa, o seu enraizamento profundo na tradição e história cultural do País, o seu papel na afirmação da identidade cultural e a sua importância como fonte de inspiração e de troca inter cultural entre povos e comunidades.
Assumindo conceptualmente o Fado como uma arte performativa em permanente construção, o Museu integra diferentes valências funcionais – escola do Museu, centro de documentação, auditório, circuito expositivo permanente e temporário – que, numa perspectiva integrada, contribuem para o cumprimento da missão definida de angariação, preservação, conservação, investigação, interpretação e fruição do acervo patrimonial alusivo ao universo do Fado, promovendo o conhecimento e a aprendizagem contínua e pluridisciplinar sobre esta expressão musical.
 Integrando um acervo único no mundo, de relevância primordial no estudo do nosso património cultural e etnográfico, o Museu incorporou, desde a sua implementação e ao longo de uma década de actividade, distintas colecções de periódicos, fotografias, cartazes, partituras, instrumentos musicais, fonogramas, trajes e adereços de actuação, troféus, medalhística, documentação profissional, contratos, licenças, carteiras profissionais, entre inúmeros outros testemunhos que coexistiram e/ou criaram o Fado, património essencialmente intangível e imaterial, que todos reconhecemos efémero, fugaz, incorpóreo, irrepetível e, neste sentido, dificilmente se materializando noutro testemunho que não o da memória individual de cada um de nós.
 O Museu tem desenvolvido um programa de actividades que tem incluído a realização regular de exposições temporárias, as edições próprias, seminários e workshops, apresentações discográficas e editoriais, a par da programação de actividades de investigação científica, fomentando parcerias com instituições do ensino superior, enquanto dialoga abertamente com os detentores do conhecimento sobre esta prática: intérpretes, músicos, autores, compositores ou construtores de instrumentos. 
De facto, esta assunção da imaterialidade do objectomuseológico – o universo intocável do fado – tem constituído um pressuposto central dos desígnios do Museu, estruturado no diálogo aberto com os protagonistas do universo do fado. Na sua arte e no seu talento criativo este património imaterial do fado contínua hoje, como ontem, a construir-se e a recriar-se, para nosso encantamento, nos circuitos de um imenso museu sem paredes, que se abre de Lisboa ao Mundo.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Camané- Especial Globos de Ouro


O fadista está nomeado na categoria de Melhor Intérprete Individual pela edição do seu último trabalho “Do Amor e dos Dias”.

Editado em Setembro do ano passado, “Do Amor e dos Dias” entrou directamente para o 1 lugar do Top Nacional de Vendas. Para além de um forte acolhimento por parte do público, o sexto álbum de Camané, tem merecido destaque na imprensa especializada, constando e liderando alguns dos habituais balanços anuais de edições discográficas.

Recorde-se que Camané já venceu este prémio em 2001 com o seu trabalho “Esta Coisa de Alma” e esteve nomeado, na mesma categoria, em 2009 com o seu disco “Sempre de Mim”.
A XVI Gala dos Globos de Ouro irá acontecer no próximo dia 29 de Maio no Coliseu dos Recreios em Lisboa.

sábado, 7 de maio de 2011

Amália Hoje [Especial]

A 1 de Abril de 2009, dia em que se completou uma década do falecimento da Rainha do Fado, Amália Rodrigues, foi apresentado um novo projecto musical português no Centro Cultural de Belém, os “Amália Hoje”.

O projecto é liderado por Nuno Gonçalves, teclista da banda “The Gift”, que juntamente com a vocalista, Sónia Tavares, o vocalista dos “Moonspell”, Fernando Ribeiro, e ainda pelo vocalista e guitarrista das bandas “Plaza” e “Turbo Junkie”, Paulo Praça, forma o projecto que buscou os Fados de Amália e lançou-os numa vertente pop contemporânea.

A 27 de Abril de 2009, os “Amália Hoje” lançaram um álbum homónimo, alcançando um grande sucesso em Portugal, com os singles “A Gaivota”, “Foi Deus” e “Soledad”. Este ultimo single, juntamente com o tema “Rasga o Passado” não estão incluídos no disco de estreia do projecto, mas encontram-se no álbum “Amália Hoje ao Vivo”, que foi lançado a 24 de Maio de 2010, cuja gravação foi feita durante o concerto dado pelo projecto no Coliseu de Lisboa a 6 de Outubro de 2009.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Nuno Málo Premiado

Nuno Málo Premiado
O compositor algarvio Nuno Malo, responsável pela banda sonora do filme “Amália”, foi eleito o compositor revelação do ano nos Estados Unidos.
Nuno Malo, autor de várias bandas sonoras para filmes, era candidato em duas categorias, compositor revelação e melhor banda sonora num filme dramático, na sétima edição dos prémios, atribuídos pela associação que distingue as melhores bandas sonoras e composições no mundo do cinema.
A banda sonora de “Amália – O Filme”, de Carlos Coelho da Silva, para o qual compôs vinte temas orquestrais interpretados pela Filarmónica de Budapeste valeu-lhe a distinção de compositor revelação, deixando para trás os nomeados os Daft Punk, Óscar Araujo, Arnau Bataller e Herbert Gronemeyer.
Na categoria de melhor banda sonora num filme dramático, o prémio foi para a banda sonora de “O Discurso do Rei, do compositor Alexandre Desplat.
Nascido na Madeira em 1977, Nuno Malo estudou composição para cinema em Los Angeles e é autor de várias bandas sonoras de filmes portugueses, entre os quais “Assalto ao Santa Maria”, de Francisco Manso, “Contraluz”, de Fernando Fragata, “O Julgamento” e “A Arte de Roubar”, ambos de Leonel Vieira, “Filme da Treta”, de José Sacramento, e “A Mulher Polícia”, de Joaquim Sapinho.

“A Profecia Celestina” (2006), de Armando Mastroianni, e “The Lost and Found Family” (2009), de Barnet Bain, foram duas produções internacionais para as quais compôs a música original.
A Associação Internacional de Críticos de Música para Cinema foi criada no final dos anos 1990 e integra jornalistas de rádio, televisão, imprensa e meios online que escrevem sobre composições para cinema e televisão.


domingo, 3 de abril de 2011

Amália Rodrigues

Nascida em Lisboa, a 1 de Julho de 1920 foi uma das mais importantes cantoras de Portugal, tendo-se tornado na Rainha do Fado. Ao longo da sua vida, para além da música, foi também actriz tendo participado em peças de teatro como "Ora Vai Tu" (1940).
Durante a sua infância, e apesar da sua timidez, Amália cantava algumas canções populares e os tangos de Carlos Gardel para os seus vizinhos e também para o seu avô.

Depois de se ter visto obrigada a abandonar a sua escola e a trabalhar, devido à pobreza da família, e só depois de trabalhar como bordadeira, engomadeira e vendedora de fruta, é que integrou a Marcha Popular de Alcântara, que participou nas festas de Santo António de Lisboa, em 1936.

O ensaiador desta Marcha convenceu Amália a participar num concurso de novos talentos, para disputar o título de Rainha do Fado, sendo que acabou por não participar, devido à recusa por parte das concorrentes em competir com Amália.

Foi recomendada para uma das mais conhecidas casas de Fado, “O Retiro da Severa”, mas só entrou para essa casa em 1939, tendo um ano mais tarde actuado em Madrid.

Poucos anos depois, inventou a fadista vestida de negro com xaile negro, interpretou o "Fado do Ciúme" de Frederico Valério, actuou no Rio de Janeiro.

Durante a sua vida lançou imensos singles, entre eles, "Perseguição" (1945), “Sabe-se Lá” (1951/1952), “Uma Casa Portuguesa” (1953) e “Tudo isto é Fado” (1955). Lançou também LP’s, entre os quais se destacam “Povo Que Lavas no Rio” (1963), “Fado do Ciúme” (1966) e “Cheira a Lisboa” (1972). Lançou ainda discos, sendo que “Fado Português” (1965), “Cantigas Numa Língua Antiga” (1977), “Lágrima” (1983) e “Segredo” (1997) são alguns desses discos que a tornaram conhecida nacionalmente e internacionalmente, actuando nas cidades de Londres, Paris, Triste, Berna, Dublin, Roma e Nova Iorque.

Os Fados de Amália contaram com letras de poetas conhecidos como Alexandre O’Neill e José Régio, e cantou ainda poemas de importantes poetas da língua portuguesa, como Bocage e Luís de Camões. Publicou em 1997, o livro de poemas “Versos”.

Morreu a 6 de Outubro de 1999, depois de uma imensa propaganda da cultura e da língua portuguesa e ainda o Fado, que faz parte dos F’s da ditadura portuguesa – Fado, Futebol e Fátima. Amália foi considerada uma personalidade expoente máximo da nacionalidade portuguesa, sendo que o seu corpo se encontra no Panteão Nacional, em Lisboa.

terça-feira, 15 de março de 2011

Cuca Roseta (Especial)

Isabel Roseta, mas titulada por Cuca Roseta, de 29 anos. Esta tinha 18 anos quando teve o “encontro tardio” com o fado. Estudava psicologia e cantava por “hobby” em bandas de rock e pop.”Quando acabei o curso e entrei para o clube de Fado é que comecei a perceber que queria fazer dele vida e que seria maravilhoso se assim fosse”. “Acho que é o meu destino”, desabafa. À sua grande referência é a Amália Rodrigues, mas Cuca junta os seus ídolos Alfredo Marceneiro e Lucília do Carmo. Ana Moura e Camané são os que mais admira entre os fadistas da actualidade. Cuca lamenta que o fado seja mal divulgado, sobretudo pelas rádios destinadas aos jovens. “Bastaria uma ponte para os adolescentes conhecerem esta música. Porque quando a conhecerem apaixonam-se”.
        Agora a Cuca Roseta, vai lançar o seu primeiro álbum agora dia 21 de Março, em Lisboa.
        Quanto ao Fado, estar seleccionado para o estatuto de Património Imaterial da UNESCO, Cuca diz “ Merece-o, sem dúvida. É mágico, tem qualquer coisa de inexplicável”.

sábado, 5 de março de 2011

Deolinda na revista “Noticias Magazine”

No passado dia 16 de Janeiro de 2011, a revista “Noticias Magazine” continha um artigo sobre grupos portugueses que cantam “em português e sem medo”, grupos “que passaram a olhar para o seu país como ele é e como ele era, de facto, interessante e diferente”.

Grupos como os “B Fachada” ou “Os Golpes” foram entrevistados e afirmaram que não se envergonham por recuperarem as tradições portuguesas e de cantarem em português. Assim, estes grupos regressam às origens, fazendo referências à cultura e às tradições portuguesas, sendo que os Deolinda não são excepção, visto que se inspiraram no fado e nas suas origens tradicionais.

O grupo afirmou que quando o projecto se iniciou, sentiram alguns preconceitos por parte do público, que não estava ainda preparado para ouvirem as suas canções, admitindo também que o próprio grupo por vezes também teve estes mesmos preconceitos. Só quando descobriram os grandes trabalhos criados na música portuguesa, como os de José Afonso e dos Heróis de Mar, é que perceberam que tinham imensas referências.
«Achámos por bem que o trabalho do nosso grupo fosse algo descomplexado, que tivesse um olhar para com a música portuguesa também descomplexado», referiram os Deolinda.

Segundo o grupo, a globalização é inevitável e só podemos descobrir quem somos, ao olharmos para trás e observarmos a nossa cultura. Até à década de 90, a música tinha uma forte influência da cultura anglo-saxónica, até em Portugal. Mesmo assim, não quer dizer que isto não era música portuguesa, e no fundo, andam à procura deles próprios e, é isto que os anos 90 foram para os Deolinda.

Veja ou reveja, o vídeo da música "Fado Toninho", lançado pelos Deolinda em 2008, pertencente ao álbum "Canção ao Lado". 

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